Mesmo não comemorando o dia das mães como antes, desde que minha mãe partiu, e deixando um pouco dela em mim, preciso homenageá-las, com um poema que certamente foi o que me tocou nesse mês:
Mãe é quem fica
Mãe é quem fica.
Depois que todos vão.
Depois que a luz apaga.
Depois que todos dormem.
Mãe fica. Às vezes não fica em presença física.
Mas mãe sempre fica.
Uma vez que você tenha um filho,
nunca mais seu coração estará
inteiramente onde você estiver.
Uma parte sempre fica. Fica neles.
Se eles comeram. Se dormiram na hora certa.
Se brincaram como deveriam.
Se a professora da escola é gentil.
Se o amiguinho parou de bater.
Se o pai lembrou de dar o remédio.
Mãe fica.
Fica entalada no escorregador do espaço kids,
pra brincar com a cria.
Fica espremida no canto da cama de madrugada
pra se certificar que a tosse melhorou.
Fica com o resto da comida do filho,
pra não perder mais tempo cozinhando.
É quando a gente fica que nasce a mãe.
Na presença inteira.
No olhar atento.
Nos braços que embalam.
No colo que acolhe.
Mãe é quem fica.
Quando o chão some sob os pés.
Quando todo mundo vai embora.
Quando as certezas se desfazem.
Mãe fica.
Mãe é a teimosia do amor, que
insiste em permanecer e ocupar todos os cantos.
É caminho de cura.
Nada jamais será mais transformador
do que amar um filho.
E nada jamais será mais fortalecedor
que ser amado por uma mãe.
É porque a mãe fica, que o filho vai.
E no filho que vai,
sempre fica um pouco da mãe:
em um jeito peculiar de dobrar as roupas.
Na mania de empilhar a louça
só do lado esquerdo da pia.
No hábito de sempre avisar que está
entrando no banho.
Na compaixão pelos outros.
No olhar sensível.
Na força pra lutar.
No coração do filho, mãe fica.
Texto escrito por Bruna Estrela